domingo, 3 de julho de 2011

Perigo real e imediato - Demora no tombamento ameaça geoglifos da Amazônia

SINAIS
Círculos e quadrados podem ser evidências de centros cerimoniais ou aldeias fortificada, datadas de séculos antes do descobrimento



Da revista Época

No Norte do Brasil, na região em que a floresta amazônica está dando lugar ao pasto, algumas estranhas figuras geométricas podem ser vistas do alto. Círculos e quadrados de centenas de metros cravados no solo se espalham nos Estados do Acre, Rondônia e Amazonas. Não são construções modernas, muito menos sinais de seres de outros planetas, mas evidências de que sociedades complexas viveram na Amazônia muito antes da chegada dos portugueses à região.

As formas são chamadas de geoglifos, que significa, literalmente, "marcas na terra". São desenhos feitos no chão, em morros ou terras planas. Na Amazônia, são principalmente formas geométricas. Muitas estavam "escondidas" pela cobertura florestal da Amazônia. A derrubada das árvores para a plantação de pastagens para gado começou a revelar essas estruturas há três décadas e, com sobrevoos e o uso de imagens de satélites como o Google Earth, são encontradas cada vez mais.

Depois de resistirem por mais de cinco séculos, os geoglifos agora podem ser destruídos antes de serem explicados. Além das dificuldades comuns para estudar vestígios tão antigos, os pesquisadores também têm que enfrentar outro problema: as estruturas estão ameaçadas por obras e proprietários desavisados. Alguns geoglifos, por exemplo, são cortados por estradas. Muitos estão em propriedades privadas, como fazendas de gado, e correm o risco de serem danificados por quem desconhece a existência de um sítio arqueológico em suas terras. Em um caso recente, a construção de linhas de transmissão quase destruiu um desses sítios. Em outro, um proprietário passou por cima de um geoglifo com tratores, danificando-o.

Para evitar que esse patrimônio seja destruído, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou, em 2007, o tombamento dessas áreas, mas até o momento nenhuma medida concreta foi tomada. Segundo o procurador da República no Acre, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, as autoridades têm o dever de assumir a responsabilidade de proteger esse patrimônio. "Com o tombamento, o proprietário vai saber que tipo de medida concreta ele precisa tomar para preservação", diz.

O Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão que promove o tombamento, acatou a recomendação do MPF em 2008, mas até o momento o procedimento não andou. O motivo dado pelo órgão são obstáculos burocráticos e a necessidade de mais estudos. O procurador diz que são alegações genéricas e que, enquanto as autoridades não tomam providências concretas, os geoglifos ficam desprotegidos.

A intenção do procurador é que os geoglifos possam ser considerados patrimônio da humanidade pela Unesco. O tombamento é o primeiro passo para isso. Com as estruturas preservadas, será possível, no futuro, estimular o turismo histórico e ecológico na região, além de criar as condições necessárias para que os pesquisadores enfim descubram a origem desses misteriosos círculos e quadrados pré-históricos.


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